BOTECO DE FEIRA
Data: 11/05/2012
Créditos:
Título: BOTECO DE FEIRA
Autor: Portela Poeta Voz: Portela Poeta
BOTECO DE FEIRA
É um bêbado fazendo zoada
e outro bêbado cantando. É uma vitrola tocando uma música feia danada. É uma rapariga safada daquelas bem estradeiras que usando a bebedeira depena um pobre coitado, Velho feio e desdentado que veio só fazer a feira. É uma mesa enferrujada rodeada por quatro cadeiras, cada uma com mais poeira e uma com a perna quebrada. É a foto de uma mulher pelada sorrindo pra freguesia. Credo em cruz, ave Maria! Ai! que tanta confusão. É polícia atrás de ladrão que roubou a sacristia. É um cego chamado João com um menino remelento. É um cachorro velho sarnento se esfregando no balcão, fedendo que nem o cão, soltando uma pulga danada. É uma velha desdentada com um cachimbo na boca, brigando com uma louca que lhe pediu uma bicada. É freguês cuspindo no chão, é uma esmoler rogando praga. Uma quenga que se embriaga e fala só palavrão. É fumaça que vem do fogão, é uma barata na parede. É um peão matando a sede num pote que é só grude, cheio de água do açude, coberto com um pano de rede. Isso é boteco de feira. Ali é o lugar ideal do bêbado profissional que bebeu a vida inteira. E não me venha com besteira que não há primeiro sem segundo. Tudo ali é sujo e imundo, mas não há como negar: para os bêbados aquilo lá é o melhor lugar do mundo! PS. Caso você queira escutar este poema na voz do autor, clique no título, Logo abaixo da palavra ÁUDIO
Enviado por ancelmo portela (poetaportela) em 11/05/2012
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