Último Poema
Último Poema
Da morte, por que ter medo? Terei apenas saudades de alguns amigos que fiz, de alguns dias que não vivi, da viola e do luar e dos meus sonhos pueris, do agreste e do verde mar. Também levarei saudades de cada esquina da vida, do papo molhado da noite, das noites não dormidas; das perguntas de toda sorte nem sempre respondidas. Por que temer a morte, se morte também é vida e sempre estão de mãos dadas, nos becos, estradas, avenidas. Da morte não terei medo, mas sim, saudades da vida, que, se porventura não vivida, lamentarei ter de ir cedo. Mas restará a eternidade e atribuirei à fatalidade se não mais puder ficar. Quem sabe a felicidade não mora do lado de lá? Pra resumir o assunto, apenas levarei saudade, da vida, se não viver muito. Sorverei minha última hora com a mesma serenidade deste minuto de agora, pois tudo valerá a pena, se encararmos com a naturalidade sem medo e com a serenidade deste meu último poema!
ancelmo portela (poetaportela)
Enviado por ancelmo portela (poetaportela) em 04/06/2009
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