Solidão
SOLIDÃO
Ela caminha em minha direção, calcula os passos, suprimindo o riso. Agita-se por um não-sei-o-quê e, cuidadosamente, asperge o absíntio mortal nos duendes que a rodeiam e, uma a uma, as pétalas de rosas murchas do chão, recolhe num cesto manufaturado pelas mãos do tempo, misturadas a fagulhas de lembranças de uma época que nem o próprio tempo arquivou na memória. O enfado de um caminhar contínuo em busca do quase nada já não assusta, nem devora o riso. Astuta, desafia o silêncio e valente, grita calada. Ri de uma dor quase superada e cala nossos corpos e se queda sobre o mundo. Já não há mais o que dizer, já não há mais o que cantar. Ela só traz o momento. Mais nada!
ancelmo portela (poetaportela)
Enviado por ancelmo portela (poetaportela) em 05/06/2009
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