DERRADEIRO AMOR
DERRADEIRO AMOR “é preciso festejar o que existe e não chorar aquiIo que já feneceu”. Tu carregas o perfume das mais belas flores que colhi nos jardins da longínqua aurora da minha infância e o teu olhar relembra os mais brilhantes voos dos colibris que hipnotizavam-me em meus sonhos de criança. Tu trazes a mim o mais puro sabor dos sabores pueris, frutos tropicais a lembrarem o perfume de antigas esperanças. Me remetes à paixão da primeira namorada e a recordação de tempos vividos, envolvidos de inocência florida. Tens a alegria da chegada e a compreensão da partida, a beleza da maturidade, e a doçura da própria vida. Como o amor primeiro, não tens a urgência, nem a inconsequência tão típicas da mocidade. Próprio de quem é pioneiro, o amor primeiro retrata a volatilidade, enquanto que este último é forte na essência por isso mesmo sólido, concreto, por isso mesmo, amor derradeiro, de verdade. Nem se apresenta indolente, carente, urgente, inconsequente. No primeiro amor fazíamos poemas à lua, hoje , em amar definitivo, cantamos as belezas do universo. No primeiro amor recitávamos folhetins, agora, o amor maduro, fabrica seus próprios versos. No antes, pra falar precisávamos da voz, no hoje, quem fala são nossas almas, desnudas de tudo o que é nós. Em vez da avassaladora atração de outros ventos, há o gostar enraizado, com mais vagar, afável, singular - verdadeiro contentamento. Sereno feito o orvalho da manhã, incolor, diferentemente daquele incêndio de outrora, o último vem, candidamente, em direção ao agora, sossegado, plainando nas asas de um beija-flor, a compor o poema da vida - verdadeira vida, verdadeiro poema do VERDADEIRO AMOR. ancelmo portela (poetaportela)
Enviado por ancelmo portela (poetaportela) em 18/06/2011
Alterado em 18/06/2011 |