UM OCASO A SOLUÇAR
Ao cair da noite em mim a vida teima em não perecer. No entanto, já não há ressignificado no viver e o meu coração deixa de falar. Emudece. O corpo destoa, estremece e minha alma para de pulsar. O silêncio da noite e a cor da solidão me fazem extático. E ao anoitecer já não me vem a vida, na inércia das horas. Já não posso mais mensurar o tamanho do meu sonhar, pois que já não mais existe sonhar, nem alvorecer. Assombram-me as assombrações da noite. Tudo é nefasto no crepúsculo que impregna de vicissitudes o pensar. Tudo é vagar e açoite. Sorriso e esperança já não há. E só me resta o relembrar das tardes fagueiras que repousa em alguma folha empoeirada do tempo e das manhãs desbotadas que esvoaçam sem destino ao sabor do vento. Oh como é triste o fenecer dos dias - crepúsculo opaco, sem viveza, esmaecido, desnudo de poesia, como música fugidia, a se apagar, onde até a saudade volatiza-se num eco de dor e lamento de um ocaso a soluçar ! ancelmo portela (poetaportela)
Enviado por ancelmo portela (poetaportela) em 12/12/2012
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